quinta-feira, agosto 16, 2007

Rio, RJ - Off-Tap - Situação da Cultura

Reportagem de Alessandra Duarte para o Segundo Caderno de O Globo de 15.08.2007:

Municipal ainda não pagou cachê de coreógrafos convidados
Diretor do corpo de baile diz que teatro está com menos da metade da verba

O projeto Coreógrafos Brasileiros, que em junho mostrou o corpo de baile do Teatro Municipal do Rio dançando coreografias contemporâneas, não terminou bem. Os coreógrafos convidados para o programa ainda não receberam o pagamento dos cachês, que devia ter saído há cerca de um mês.

Segundo o Municipal, houve atraso no repasse da verba pelo governo estadual. O caso reflete uma situação geral da casa, que este ano, de acordo com o diretor do corpo de baile do teatro, Marcelo Misailidis, trabalha com menos da metade do orçamento -- só para manutenção -- de anos anteriores; para produção de projetos, não há verba própria.

Os coreógrafos convidados, João Saldanha, Henrique Rodovalho e Roseli Rodrigues, estão esperando desde julho o pagamento de cerca de R$ 15 mil (para cada), segundo o produtor de Coreógrafos Brasileiros, André Schmidt, que também não recebeu. A administração do Municipal afirmou que o pagamento dos coreógrafos deve sair ainda este mês.

-- É a desorganização do governo em relação à cultura -- diz João Saldanha. -- Agora houve essa indicação maluca do (Jorge) Bittar para a secretaria (estadual de Cultura), algo totalmente alhos com bugalhos... No Municipal, a menina-dos-olhos do governo, fica aquele corpo de baile, coitado, que só dança umas 20 vezes por ano.

Marcelo Misailidis, diretor do corpo de baile da casa desde 2006, diz que este ano apenas os projetos com patrocínio garantido estão sendo realizados. "O Quebra-Nozes", por exemplo, que dependeria de recursos próprios do teatro, por enquanto está fora da programação:

-- Temos menos da metade do orçamento que tivemos em outros anos, e isso só para manutenção. A direção da casa está se esforçando para manter o teatro aberto.


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A propósito... Da coluna de Artur Xexéo de O Globo de 15.08.2007:

(...) É um escândalo a notícia de que o Teatro Municipal está sem condições de manter sua programação. O governador Sergio Cabral tem sido um desastre na administração da área da cultura. Ele gosta de posar em estréias no Canecão, em platéias de teatro, em aberturas de exposição, mas no fundo é só isso mesmo: pose. Como é que ele deixa o principal teatro do país ficar sem saber o que vai produzir até dezembro? O teatro deveria estar preocupado com as comemorações, daqui a dois anos, de seu centenário. Mas se não há dinheiro nem para cumprir a programação de 2007, imagine o que vai acontecer em 2009.

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Afinal, o Luiz Paulo Conde ainda é ou não é mais secretário de Cultura? Se não é mais, quem Sérgio Cabral convidou para ocupar seu lugar? Ou a Cultura é tão desimportante que pode muito bem ficar sem secretário?

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