terça-feira, setembro 18, 2007

Rio. RJ - Off-Tap - Pequenos Milagres

Texto da crítica de teatro Barbara Heliodora para O Globo sobre o espetáculo do Grupo Galpão atualmente em cartaz no Rio:

Galpão celebra 25 anos com qualidade e amor
Pequenos milagres: Espetáculo encantador

Com "Pequenos milagres", no Teatro Sesc Ginástico, o Grupo Galpão não só comemora seus 25 anos de existência como também dramatiza o que tem sido o seu norte artístico desde a fundação.

De início se apresentando só na rua e até hoje preocupado em viajar por cidades e vilas do interior para levar sua arte aos que normalmente não recebem tais visitas, o grupo já provou muitas vezes que é perfeitamente possível juntar qualidade e acessibilidade, e respeitar esse público dito despreparado, com espetáculos que dão prazer, divertem, comovem, sem chanchadas ou apelações.

O projeto do 25o aniversário foi o de encenar histórias contadas por toda espécie de gente (receberam 600 respostas a seu apelo), que foram selecionadas e receberam tratamento dramatúrgico de Mauricio Arruda Mendonça e Paulo de Moraes. "Cabeça de cachorro", "O pracinha da FEB", "O vestido" e "Casal náufrago" formam o espetáculo, com a primeira serpenteando entre os outros episódios.

A primeira parte da peça, que estabelece a identidade do menino e da história do cachorro, é um pouco expositiva demais, e o episódio do Pracinha é menos satisfatório do que os outros; mas, a partir da metade, o espetáculo toma impulso e se torna mais encantador.

A cenografia de Paulo de Moraes e Carla Berri é bonita, simples e funcional, um painel que ocupa todo o fundo do palco, onde se abrem grandes portas com cenários específicos de cada seqüência. Os figurinos de Rita Murtinho colaboram bem para o universo retratado, e a luz de Maneco Quinderé é ágil e bonita.

O diretor convidado, Paulo de Moraes, optou por uma linha realista e sem dúvida provou que o pessoal do Galpão também sabe o que faz quando o realismo é pedido, e para eles a experiência nova deve ter sido interessante, embora a barroca imaginação da maioria de seus trabalhos deixe saudades. O trabalho do diretor, no entanto, é muito eficiente, e as cenas de maior movimentação têm uma vida fascinante.

Antonio Edson se destaca em "Cabeça de cachorro" O rendimento do elenco é, como sempre, muito bom. Desta vez, a história do menino com a cabeça do cachorro dá a Antonio Edson uma oportunidade excepcional, que ele aproveita muito bem, e, para evitar injustiças (e aproveitar que o nome do "menino" começa com A), têm atuações de imensa empatia Arildo de Barros, Beto Franco, Chico Pelúcio, Eduardo Moreira, Inês Peixoto, Julio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André e Simone Ordones.

Só podemos desejar que nos próximos 25 anos o Grupo Galpão continue a nos encantar e a tratar todo o seu público com igual qualidade e amor.

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