Rio, RJ - Off-Tap - Sucesso de A Noviça Rebelde
Adaptação de "Noviça Rebelde" é fenômeno no Rio
(Paulo Sampaio, da Folha de S. Paulo, no Rio)
Fenômeno de público e bem recebida pela crítica, a recém-estreada montagem carioca do musical "A Noviça Rebelde" já é motivo de orgulho nacional.
Produzida em dez semanas, tornou-se o exemplo mais contundente de que o showbiz brasileiro é capaz de apresentar algo que não seja uma cópia estrita -- e, por vezes, forçada do original da Broadway.
Até agora, a maior parte das grandes produções importadas, como "O Fantasma da Ópera" e "Miss Saigon", foi adquirida em sistema de franquia: a encenação obedece ao padrão estrangeiro e observa um certo "controle de qualidade".
"Nunca tive a intenção de me tornar um montador de musicais prontos. Comprei os direitos da "Noviça" como os de uma peça de teatro, para ter a liberdade de fazer o que quisesse", afirma o produtor, tradutor e diretor Claudio Botelho.
A versão original do musical, que tem temas de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, estreou em 1959 na Broadway e ganhou oito prêmios Tony, mas não há nenhuma cópia literais em cartaz hoje, em Nova York.
Também há encenações pelo mundo que, ao contrário das franquias montadas em SP, não têm compromisso de fidedignidade com a "matriz".
Surpresa
Para o gerente operacional do teatro Alfa, Fernando Guimarães, que trouxe a São Paulo espetáculos como "My Fair Lady", "não dá para traçar um paralelo entre "Noviça" e os musicais franqueados, porque são propostas diferentes".
Mas ele diz estar "bastante surpreso" com a montagem carioca. "Fiquei feliz, satisfeito de ver que eles conseguiram fazer um trabalho minucioso, com uma qualidade incrível."
Por definição, espetáculos musicais trabalham com dados impressionantes: atores que cantam (bem), elenco numeroso, cenário grandioso, iluminação feérica e orçamento extraordinário. Nisso, a "Noviça" segue a regra. Custou R$ 9,8 milhões, tem 44 atores, 14 músicos, 11 cenários, 300 refletores. Em cartaz desde o dia 22 de maio, foi visto em duas semanas por 20 mil pessoas.
O sucesso do espetáculo se deve em grande parte à experiência da dupla de autores/diretores formada por Botelho -- ele próprio tradutor de quase todas as versões enlatadas de São Paulo -- e Charles Möeller.
Os dois são responsáveis por vários espetáculos nacionais, como "Ópera do Malandro em Concerto" e "Sassaricando".
Para Botelho, um diretor importado muitas vezes não sabe o que pode funcionar no Brasil.
"Se o cara não é flexível, fica difícil convencê-lo de que determinadas marcações não vão dar certo aqui. "Chicago", por exemplo, teve uma porção de problemas por causa disso".
A escolha dos atores, afirma ele, é outro diferencial. As montagens importadas "em geral trocam apenas o cenário e a peruca, mas o elenco permanece quase todo o mesmo".
A atriz Kiara Sasso, 29, é um consenso. Intérprete da Noviça, a lourinha com voz de mezo-soprano-leve vem de cinco experiências anteriores no gênero -duas nacionais e três importadas, como "O Fantasma" e "Miss Saigon".
Satisfeita com a repercussão da montagem, ela também acha que "existe uma enorme diferença entre o espetáculo criado aqui e o que vem pronto". "A começar com o envolvimento em todas as fases da produção, que é bem maior quando você não está apenas fazendo o que o diretor manda, mas criando junto", diz.
Palavra de quem se tornou uma espécie de estrela oficial dos musicais no Brasil.
NOVIÇA REBELDE
Oi Casa Grande (R. Afrânio Melo Franco, 290, Leblon, (21) 2511-0800)
Quando: qua., qui., sex., às 20h30; sáb., às 16h e às 20h; dom., às 16h
Quanto: de R$ 60 a R$ 180 (camarote)
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