quarta-feira, dezembro 27, 2006

Rio, RJ - Off-Tap - Retrospectiva O Globo

A capa do Segundo Caderno de hoje em O Globo não inclui sapateado mas traz um panorama dos destaques da dança contemporânea e de ballet clássico que rolou no Rio em 2006. Segue reprodução do texto dos escolhidos por Silvia Soter e pela equipe do Segundo Caderno do jornal:

- DAQUI PRA FRENTE: Na fronteira entre dança, teatro e literatura, "Daqui pra frente" se inspirou na poesia concreta para aliar de forma inteligente criatividade, rigor, leveza e humor. Márcia Rubin, acompanhada pelos atores Oscar Saraiva e Cezar Augusto, mostrou em cena sua maturidade também como intérprete.

- O LAGO DOS CISNES: Cerca de 25 mil pessoas assistiram à remontagem deste clássico, assinada pela russa Yelena Pankova para o Balé do Teatro Municipal. Foi um espetáculo com muito mais acertos do que deslizes e mostrou mais uma vez o brilho de Cecília Kerche e de Vitor Luiz.

- TERRITÓRIOS: A potente comunidade criada nesta peça de Esther Weitzman para oito homens, bailarinos de gerações e trajetórias diversas, era feita das diferenças. A imagem do masculino era tecida pelo equilíbrio entre força e delicadeza; entre o singular e o comum.

- PORTAL DAS MÃOS: Partindo da ligação entre os dedos de suas mãos, Michel Groisman desenvolveu uma coreografia, apresentada no Panorama de Dança, que surpreendia pela sofisticação e pela riqueza de possibilidades, que surgiam ampliadas aos olhos do espectador.

- TEMPO LÍQUIDO: Sem abandonar o legado de sua experiência na Staccato, companhia que fundou com Paulo Caldas, Maria Alice Poppe inaugurou nesta boa peça de Mauricio de Oliveira, mostrada nos Solos de Dança do Sesc, uma outra etapa como intérprete.

- I AM HERE: João Fiadeiro visitou o universo da artista Helena Almeida em "I am here", coreografia apresentada no Panorama de Dança. No diálogo entre artes visuais e dança, o artista português imprimiu em diferentes suportes os rastros deixados pelo seu corpo, parado ou em movimento.

- EXTRACORPO: Nesta peça, que estreou em setembro, na Biennale de la Danse, em Lyon, e em novembro fez temporada no Espaço Sesc, em Copacabana, João Saldanha visitou a obra de Oscar Niemeyer. Ele experimenta devolver ao corpo humano as curvas orgânicas que o arquiteto dele extraiu e experimentou no concreto que usa em suas construções. As linhas sinuosas, precisas e simples, marcas do arquiteto, ganharam uma bonita correspondência na dança rigorosa e repleta de silêncios deste coreógrafo. Ao mergulhar no universo de Niemeyer, Saldanha rendeu ao importante arquiteto uma merecida homenagem e criou para si novas e promissoras possibilidades de investigação.

- DÍNAMO :Deborah Colker mais uma vez levou uma multidão ao Teatro João Caetano, onde, este ano, apresentou uma coreografia feita sob encomenda para a Copa do Mundo da Alemanha: "Futebol", a nova peça, compôs com "Velox" um espetáculo de grande vigor físico.

- TERCEIRA MARGEM: A força da peça de Renato Vieira é entender o rio descrito no conto de Guimarães Rosa "A terceira margem do Rio" como um entre-lugar, espaço sempre em movimento. Sem cair no narrativo, o coreógrafo transformou este rio num estado da própria dança.

- VIDA REAL/ MANUAL DE INSTRUÇÕES:No segundo capítulo da trilogia, Dani Lima retomou algumas de suas questões-chaves. Desta vez, a identidade construída a partir do olhar do outro saiu da experiência individual do primeiro capítulo (quando o espectador ficava a sós com um bailarino) e se tornou coletiva.

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