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A síndica do Municipal
Adriana Rattes assume Secretaria de Cultura, diz que administração está inchada e defende o teatro, "a menina dos olhos deste país"
O Teatro Municipal é, definitivamente, a estrela da nova secretária estadual de Cultura, a carioca Adriana Rattes, 43 anos, que, ontem, ressaltou seu carinho pela instituição durante sua posse, nos jardins do Palácio Guanabara. Em seus planos estão o saneamento e a reforma da casa para as comemorações do centenário, em 2009. Calcanhar-de-aquiles da gestão de Luiz Paulo Conde, ex-titular da pasta, a administração do teatro quase foi entregue à Prefeitura do Rio na semana passada. Sócia do grupo Estação e uma das organizadoras do Festival do Rio, Adriana faz a seleção de filmes para a mostra Première Brasil, cuja programação de 2007, em setembro, acaba de ser anunciada (leia abaixo).
- O projeto de transferência do teatro ao município está suspenso para que sua real situação seja estudada. Minha prioridade é resolver os problemas emergenciais, como a renovação dos contratos dos bailarinos. Mas, a médio prazo, redefinirei o papel da Secretaria de Cultura - disse Adriana, contando que não estaria tomando posse se não tivesse passado muitas tardes com a mãe no Municipal.
O carinho é recíproco. Durante a cerimônia, da qual participaram o governador Sérgio Cabral, o secretário municipal das Culturas, Ricardo Macieira, e personalidades como o fotógrafo e cineasta Walter Carvalho, o coro do teatro e alguns de seus instrumentistas executaram o Hino Nacional, as Bachianas nº5, de Villa-Lobos, e o tema do filme Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore. A apresentação, uma iniciativa dos artistas, emocionou a secretária, que foi bailarina na adolescência.
Com um vestido preto até os joelhos e uma echarpe verde, que motivaram elogios do governador ("ela tem um charme doce"), Adriana expôs algumas de suas idéias, como a criação de um tíquete para democratizar o acesso à cultura, a instalação de núcleos de incentivo à arte nas escolas da rede estadual de ensino. Citou também a necessidade de parcerias com a iniciativa privada para a operação dos equipamentos culturais do Estado, a exemplo do que ocorre na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, onde o Estação explora três salas de cinema. Um suposto conflito de interesses devido à sua atuação no grupo Estação foi descartado.
- A empresa não concorrerá a qualquer benefício dado pelo governo no período em que eu estiver na Secretaria - disse. - Os pedidos de incentivo já encaminhados serão cancelados. Mas a parceria na Laura Alvim será mantida, já que é o Estação que paga ao governo. Acho hipócrita a idéia de transferir minhas cotas na empresa a um parente ou "laranja".
Filha do ex-prefeito de Petrópolis, Paulo Rattes, e da ex-deputada federal Ana Maria Rattes, Adriana foi criada na cidade serrana até o início dos anos 80, quando se mudou para o Rio para cursar a faculdade de Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com amigos cinéfilos, fundou, em 1986, o Cineclube Estação Botafogo, que, mesmo voltado para os chamados filmes de arte, viraria um dos maiores grupos de exibição de cinema do país. A secretária tem dois filhos e é separada.
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