sexta-feira, outubro 05, 2007

Rio, RJ - Off-Tap - Contemporâneo

Matéria do Jornal do Brasil deste dia 05.10.2007:

O mapa da dança contemporânea

(Roberto Pereira, JB, 05.10.2007)

Mapeamento, cartografia - termos que em sua origem carregam a idéia de geografia são emprestados para tratar de um espaço que se move continuamente, numa relação quase absoluta com o tempo, a dança. Como adequar essa relação de um espaço que se cria a cada momento e de um tempo que é sua causa e conseqüência em dança, e mais especificamente em dança contemporânea, é o desafio que se impõe o projeto Rumos Dança, do Itaú Cultural.

A idéia parece simples: reunir em catálogo uma situação da dança contemporânea no Brasil. Tal reunião se deu em três frentes: um levantamento elaborado por 14 pesquisadores que tentaram cobrir todo o país; uma amostra do que já está sendo produzido por aqui num dos mais recentes mídias artísticos, o videodança; e a seleção de 25 trabalhos investigativos que abarcam a produção nacional na área.

Tudo isso está numa caixa recém-lançada pelo Itaú Cultural: os textos mapeadores dos pesquisadores, cinco videodanças, todos em DVDs, as 25 coreografias, também em cinco DVDs, fotografias das obras e ainda artigos reflexivos sobre todo o projeto. Há que se relevar algumas lacunas no mapeamento, além de uma certa desigualdade na qualidade dos trabalhos apresentados. Mas, dentro desse contexto, até mesmo tais constatações já se servem como índices de como está a dança contemporânea brasileira.

O Rio está bem representado. Além dos ótimos trabalhos de Marcela Levi (in-organic) e Helena Vieira (Maria José), há que se destacar o instigante videodança Jornada ao umbigo do mundo, de Alex Cassal, Alice Ripoll e Theo Dubeux. Geografizar o que é, por definição, algo inconstante coloca a dança contemporânea como lugar de reflexão e de história. Sônia Sobral, que viabilizou o projeto, sabe desse desafio ontológico. Por isso mesmo nos permite ter esse mapa movente que se refaz a cada instante.

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